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Foto do escritorRoberta Pimenta

Padre Júlio Lancellotti - Biografia Autorizada

Escrita pelo multipremiado escritor paulistano Luiz Eduardo de Carvalho e

apresentada com linguagem objetiva, predominantemente jornalística,

salpicada com pontuais incursões literárias, que conferem emoção a

alguns episódios narrados, Mãos de Deus – Biografia Autorizada do

Padre Júlio Lancellotti conta a história do enfermeiro, pedagogo, teólogo

e sacerdote Júlio Renato Lancellotti em tom quase memorialista, uma vez

que é repleta de depoimentos e declarações do protagonista biografado a

respeito de si mesmo, dos fatos que transcorreram em sua vida e das

interações com pessoas que foram fundamentais para sua história e que,

em todos os casos, marcaram sua trajetória positiva ou negativamente.

Somam-se a isso, dezenas de outros depoentes a acrescentar visões

diversificadas por pontos de vista coadjuvantes.


Considerando entrevistas, livros, periódicos, artigos, matérias, reportagens

e participações em programas televisivos e radiofônicos, além dos artigos

que ele publicou em jornais paulistanos, a monta de registros jornalísticos,

bibliográficos ou acadêmicos envolvendo o relato a respeito do padre Júlio

ultrapassa a casa de 900 ocorrências que foram cuidadosamente

consultadas, decupadas e compiladas em Mãos de Deus, com o fito de

fornecer um conjunto de informações articuladas que representa o mais

largo e profundo perfil, na forma de uma biografia autorizada, já escrito a

respeito deste importante personagem humanista contemporâneo.


A obra principia com um preâmbulo, no qual o autor expõe as motivações

voltadas ao coletivo, seguidas das decorrentes de fomento pessoal e

apresenta uma premiada crônica composta em homenagem ao biografado.

O livro, a partir disso, deriva para a narrativa dos fatos circunstanciados

pela história da vida do padre Júlio, desde a infância no período pré-

escolar, atravessando toda sua formação, até se consumar com seu

ordenamento como sacerdote.



A seguir, abre-se aos tópicos que mais marcaram sua vida eclesiástica,

desde a influência de fatos históricos, de movimentos ideológicos, de

mestres e ídolos, até a sua atuação junto às detentas do Presídio Feminino

do Tatuapé, onde foi capelão por muitos anos; junto aos internos das

diversas unidades da Febem, onde trabalhou por muitos tempo como

funcionário direto e, depois, lotado na Pastoral do Menor, cuja

fundamentação acompanhou desde o princípio; seu envolvimento visceral

com a formulação do Estatuto da Criança e do Adolescente; a histórica luta

pela abertura e manutenção da Casa Vida para o acolhimento de crianças

portadoras do vírus HIV, o protagonismo expoente, desde a nascente e até

os dias de hoje, na Pastoral do Povo de Rua, da qual é o vigário há exatos

trinta anos.


Sempre sob duas vertentes são apresentadas sua prédica e sua práxis: a

metodológica, que apresenta seus pensamentos e suas ações norteadas

pelo embasamento teórico em todas as frentes em que atuou e a política,

que determinou as tentativas, muitas delas exitosas, de consolidação dos

resultados de sua luta como um legado permanente, mediante a

instauração de marcos legais ou a incorporação em políticas públicas para

assegurar a continuidade dos avanços pelos quais tanto se debateu, como,

por exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a recente lei Júlio

Lancellotti que combate a aporofobia.


Não poderiam faltar, decerto, os tantos reconhecimentos e as muitas

oposições ao seu trabalho, desde os expressos em simples

descontentamentos ou em orquestradas intrigas, passando pelos que

tentaram constrangê-lo, denegri-lo ou derrubá-lo e culminando com

circunstâncias em que ele esteve realmente em grande perigo de vida, sob

ameaça de morte.


No encerramento, após um rol de mais de trinta depoimentos de pessoas e

entidades ligadas ao ecumênico mundo religioso, ao político, ao social e ao

de relações pessoais com ele, com juízos de cunho valorativo a respeito

de sua pessoa, de suas ideias e de sua luta, são apresentadas ementas

dos 268 artigos e crônicas que escreveu e publicou semanalmente por

mais de 5 anos em um jornal de grande circulação em São Paulo, além de

um pinga-fogo com perguntas que revelam seu perfil relacionado a

assuntos mundanos e cotidianos.


O desfecho fica em aberto na expectativa dos próximos anos de sua vida

que, certamente, renderão muitas outras histórias que, emanadas das

mãos de Deus, convergirão para um reconhecimento ainda maior do que o

juízo a respeito dos fatos narrados em Mãos de Deus possam criar na

mente dos leitores dispostos a conhecerem o padre Júlio Lancellotti que,

para muitos, é o mais representativo profeta vivo de nossos dias.



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