O Que O Seu Look Revela Sobre Sua Identidade Digital?

A leitura de imagem nunca foi tão estratégica quanto na era das redes sociais. Para a analista de moda Lívia Gueissaz , cada look publicado online carrega uma mensagem — muitas vezes inconsciente — que revela muito mais do que estilo: traduzir arquétipos, interesses, estados emocionais e até estratégias de engajamento.

“ Hoje, um moletom com cropped pode dizer mais sobre a sua persona digital do que mil legendas ”, afirma a especialista, que estuda os códigos visuais em plataformas como Instagram e TikTok. Com base em sua observação contínua, Lívia inclui cinco perfis recorrentes que, segundo ela, dominam o feed e constroem narrativas sólidas de identidade online.

A FASHIONISTA MISTERIOSA , por exemplo, aposta em peças oversize, óculos escuros e tons neutros para comunicar distanciamento calculado. “ É uma persona que gera desejo sem se oferecer, que está acima do algoritmo — mas sabe manipulá-lo como ninguém. ”

Já a COACH SENSUAL mistura blazers estruturados com fendas e croppeds estratégicos, equilibrando autoridade e sedução com precisão visual.

No outro extremo está a estética do caos, representada pela figura da “ DOIDA DO CONFORTO ” — aquela que transforma moletom, meia colorida e coque malfeito em linguagem de identificação emocional. Segundo Lívia, essa pessoa se conecta com o público ao parecer favorável, vulnerável e real.

Outro arquétipo mapeado é o da BOSS GIRL MODO HARD : ternos masculinos sem camisa, rosto contornado, celular na mão. " É a CEO do próprio feed. Ela entrega conteúdo visual premium, dita o ritmo e ainda assim faz parecer natural ."

Já A BÁSICA NEM TÃO BÁSICA assim aposta no jeans reto, camisa branca impecável e uma bolsa que só os atentos registram. “ Ela comunica pertencimento e sofisticação silenciosa — é o soft power do estilo. ”

Para Lívia, compreender esses códigos não é futilidade, é cultura de mídia. " A imagem virou idioma. Toda vez que alguém posta, está escrevendo algo — e o público lê, mesmo que deliberadamente. " A análise, embora leve e divertida, revela um ponto essencial: na era da performance digital, cada escolha estética é um manifesto.