A volta da premiada biografia de Elis, na celebração de seus 80 anos

Elis Regina completaria 80 anos nesta segunda-feira (17/03). Para celebrar uma das maiores cantoras do país, algumas homenagens foram anunciadas, incluindo o relançamento de uma biografia — desta vez, em edição ampliada com conteúdos inéditos — e um espetáculo produzido pelos herdeiros da artista.

O espetáculo é assinado pelo filho, João Marcello Bôscoli, apresentador e produtor musical. “Elis 80” reúne os principais compositores que trabalharam com a cantora, como João Bosco, Ivan Lins e Fagner, que ajudam a costurar a discografia da gaúcha.

A biografia Elis Regina: Nada Será Como Antes é uma edição ampliada do livro publicado pelo pesquisador Júlio Maria em 2015, incluindo, desta vez, mais entrevistas da cantora. Outra novidade são as anotações inéditas feitas pela própria em 1982, com planos de um novo álbum. Considerada a mais completa biografia da artista, chega às livrarias pela Companhia das Letras.

Em 2015, Julio Maria narrou que a pesquisa viraria um livro em homenagem à Elis. Porém, durante o processo, se deu conta que muito da história dela não havia sido contada. “Sugeri, então, que a homenagem se tornasse uma biografia”, contou o autor. Desde então, se debruçou em centenas de entrevistas e materiais de arquivo. Foram cerca de 125 entrevistados, entre fontes nunca antes procuradas para falar sobre a cantora e músicos que trabalharam com ela.

Em sua biografia, o autor explora o caráter ambíguo da intérprete, sua parte mais humana e menos mítica, e revela seu caráter de extrema humanidade . “Ela não era extrema profissional, ela era extrema humana. É uma extrema humana que canta. Isso talvez seja uma das raridades. A Elis vai fundo na vida pessoal dela quando ela canta, quando ela sobe no palco. Não existe um botãozinho ali que ela gira e fala: agora sou cantora”, afirmou o biógrafo em entrevista para o episódio da Rádio Companhia que vai ao ar nesta quarta-feira (19/3).

Além da reescrita, o material inédito do livro traz novos personagens, como os músicos de Porto Alegre da sua primeira fase, percorrendo da pré-história à fase mais comercial da artista; e uma presença mais distinta das falas de Elis no livro, com trechos e aspas de entrevistas. As cadernetas encontradas e reproduzidas na edição mostram os planos de Elis para 1982: anotações de canções e todos os passos que gostaria de dar profissionalmente, como lançamento do disco, cidades em que gostaria de fazer a turnê, jornalistas a quem gostaria de dar entrevistas. A foto de capa, pouco conhecida, mostra um ensaio que Elis fez com Paulo Kawall, e que o escolheria para fazer a capa de seu álbum.